Mente sã em corpo são

Em tempos de pandemia, o maior desafio tem sido equilibrar corpo e mente para dar com as pressões do dia a dia: trabalho, família, educação, cuidados com a saúde. Apesar de haver relatos de que a pandemia prejudicou o estado emocional de crianças, adolescentes e adultos, a procura por atendimento psicológico não acompanhou esse aumento.


Infelizmente, não é incomum as pessoas fugirem de terapia: muitos, ainda, têm medo de serem considerados problemáticos ou coisas do tipo por fazerem terapia para depressão, ansiedade, etc. As pessoas preferem buscar as respostas em atividades paliativas ou na própria internet a buscar ajuda profissional. Outro dia, fui na farmácia comprar produtos de higiene e, enquanto aguardava na fila, comentei que estava esperando pelo término da pandemia para agendar consultas com nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta. O atendente logo respondeu: "Ah, mas todo mundo tem um pouco de psicólogo e nutricionista, você não precisa gastar dinheiro com isso".



Se todo mundo tem um pouco de psicólogo, por que falar com pessoas do convívio pessoal muitas vezes não nos ajuda com nosso sofrimento psíquico? E por que as questões emocionais e comportamentais permanecem tão críticas no trabalho, no casamento, na criação de filhos? Por que há tanta tentativa de suicídio entre os adolescentes se eles são um grupo que sempre interagem com amigos e vivem com os pais? Se fôssemos tratar que todo mundo tem um pouco de psicólogo, esses problemas não deveriam existir, certo?


E aí que está. Procurar ajuda não é loucura, é sinal de sanidade e de que tratamos de nossa saúde mental da mesma forma que tratamos nossa pele, nossa saúde reprodutiva, nossos dentes e tantas outras especialidades que visitamos (ou deveríamos visitar) regularmente. Vivemos a era do politicamente correto (ou do "mi-mi-mi", como chamam alguns). A regulação constante do que fazemos e dizemos, embora inicialmente se venda como excelente para superarmos preconceitos e pre-julgamentos, muitas vezes se revela apenas como opressora do indivíduo, que passa a tratar a si mesmo quase como que um "eu-empresa" e mantendo os preconceitos velados.


O controle absoluto é uma ilusão. O fracasso absoluto também o é. E ter a humildade de reconhecer que muitos de nós, em algum momento, iremos precisar de ajuda profissional para cuidar com carinho de nossa psique é sinal de amar a nós mesmos em primeiro lugar é o primeiro passo para amarmos quem nos cerca e vermos a vida como um desafio positivo e uma benção.

Raquel Berg - Psicóloga Clínica
CRP 08/22615
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Atendimento presencial e online (e-CFP)

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